Existe na literatura francesa do século XIX e início do XX uma constelação de poetas, que poderiam ser chamados de grandes poetas saturnianos: não ousamos incluir Hugo, que dificilmente se enquadra em um molde, pois transcende todos — mas esse grupo certamente inclui Nerval, Baudelaire, Verlaine e Milosz. Todos são profundamente marcados por uma melancolia, que não é apenas a tradução de uma moda, mas assume um caráter visceral. Se realizarmos um estudo comparado de suas carreiras humanas e (…)
Excertos de obras literárias, cênicas e gráficas, além de crítica literária, com foco no imaginal mitográfico, lendário e fantástico.
Matérias mais recentes
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Jean Richer – O. V. de L. Milosz
6 de julho, por Murilo Cardoso de Castro -
Jean Richer – Duas cartas de Scévole Cazotte
6 de julho, por Murilo Cardoso de CastroO misticismo de Jacques Cazotte se encontra, igualmente exaltado, em seu filho Scévole Cazotte. Devemos ao Sr. Louis Denis de Cazotte o conhecimento bastante preciso de sua biografia.
Jacques-Scévole Cazotte nasceu em Pierry (Marne) em 31 de janeiro de 1764. Era o primogênito dos três filhos (e não dois) de Jacques Cazotte — os outros dois sendo seu irmão Henri e sua irmã Elisabeth. Serviu como voluntário de honra, aos dezesseis anos, na Marinha e participou da guerra de Independência (…) -
Jean Richer – Carta de Jacques Cazotte
6 de julho, por Murilo Cardoso de Castro[sobre a vaidade da polêmica e da poesia ]
Paris, 17 de julho de 1779.
Tendes-me, senhor, infinitamente lisonjeado pela confiança com que me honrastes e vou esforçar-me para me mostrar digno dela. É preciso, antes de tudo, que confesse que, ao ouvir a leitura de vossa carta e no primeiro impulso, minha frágil prudência não me sugeriu o melhor conselho que deveria dar. Reli essa carta e, no silêncio de meu gabinete, nada imaginei que a tornasse digna de vós. Então, examinei seriamente se (…) -
Jean Richer – Cazotte, relato de sonho profético
6 de julho, por Murilo Cardoso de CastroReproduzimos um singular relato de sonho, anexado à Correspondência Mística, do qual proporemos um comentário.
MEU SONHO DA NOITE DE SÁBADO PARA DOMINGO ANTES DO DIA DE SÃO JOÃO DE 1791
Estava num capharnaum há muito tempo e sem perceber, embora um cãozinho que vi correr sobre um telhado e pular de uma viga coberta de ardósia para outra devesse ter-me despertado suspeitas.
Entro num aposento; encontro uma jovem senhorita sozinha; dizem-me interiormente que ela é parente do conde de (…) -
Jean Richer – Cazotte, um profeta em ação
6 de julho, por Murilo Cardoso de CastroEnquanto muitos iluminados se juntavam à causa da Revolução, Cazotte, auxiliado por quase toda a sua família, empenhou-se em salvar a realeza, o rei, a família real. Mantinha correspondência regular com Laporte e Pouteau, intendentes da lista civil; sua filha Elisabeth servia-lhe de secretária. Seu filho mais novo partiu para o exército dos príncipes, o mais velho, Scévole, permaneceu com o pai, a fim de estar pronto para intervir onde fosse útil em favor da causa real, como durante a festa (…)
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Jean Richer – Cazotte, cabeças decapitadas
6 de julho, por Murilo Cardoso de CastroA última parte da carreira de Jacques Cazotte tem um caráter romanesco, embelezado à vontade pelos biógrafos.
Quanto à famosa profecia sobre a Revolução Francesa, que foi em grande parte uma invenção de La Harpe, acredita-se que a posição moderada adotada por Matter em sua biografia de Saint-Martin seja a mais sensata: "... Cazotte havia falado certa noite com certa gravidade sobre o futuro da França, em meio a uma sociedade frívola. Havia salpicado seu discurso de previsões mais ou menos (…) -
Jean Richer – Jacques Cazotte
6 de julho, por Murilo Cardoso de CastroJacques Cazotte está entre os escritores cuja reputação repousa de forma duradoura sobre uma única obra: é de fato quase exclusivamente o relato filosófico e divertido de O Diabo Apaixonado que lhe garante um lugar nos manuais de história literária.
No entanto, no restante de sua obra, nem tudo merece o esquecimento. Sua Correspondência Mística deveria ocupar um lugar em nosso tesouro epistolar, e sua própria vida é uma espécie de poema simbólico cujo verdadeiro significado não é fácil de (…) -
Jean Richer – Esoterismo do "Diabo Apaixonado" de Cazotte
6 de julho, por Murilo Cardoso de CastroConvém investigar o que em O Diabo Apaixonado poderia ter alarmado os Elus Coëns. Ressalta-se, antes de tudo, que uma leitura atenta do romance permite discernir nele os elementos de uma iniciação virtual... O próprio Cazotte, mais tarde, parece ter considerado essa obra como uma espécie de prelúdio ao seu trabalho espiritual.
Em primeiro lugar, O Diabo Apaixonado, por seu tema e composição, prova que seu autor havia lido com atenção os manuais de demonologia. Cazotte declarou ter-se (…) -
Jean Richer – Swift: homo - man - mens - houyhnhnm
6 de julho, por Murilo Cardoso de CastroI. M. Emile Pons, na edição das Œuvres de Jonathan Swift publicada na Bibliothèque de la Pléiade em 1965, forneceu um « Glossaire des langues gullivériennes ». Adotou a equivalência Houyhnhnm / Homo, mas, curiosamente, tanto nesse léxico quanto em um artigo publicado em 1964 (Em: Connaissance de l’Etranger, Mélanges offerts à la mémoire de J.-M. Carré, P. Didier, 1964: « Gulliver ou l’utopie-bouffe », pp. 429-439) recusou a correspondência Jauche / Yahoo, chegando a escrever: « Em que o purê (…)
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Jean Richer – Swift, obra destinada a mortificar e reformar os adultos
6 de julho, por Murilo Cardoso de CastroMuitas vezes surpreende-se ao constatar que Gulliver, que no espírito de seu autor era uma obra destinada a mortificar e reformar os adultos, hoje em dia é lido quase somente por crianças, e isso em edições expurgadas e incompletas que não deixam subsistir grande coisa das intenções de Swift. Não temos de pesquisar aqui todas as razões desse fato, permitir-nos-emos todavia notar primeiro que a desmedida, o excesso no ataque dos vícios e dos defeitos humanos davam à crítica swiftiana um (…)