Jean Seul – Capítulo I
Dizer que existe uma perversão sexual chamada exibicionismo não é novidade para ninguém. Hoje em dia lê-se muito sobre perversões sexuais, não porque sejam doenças, mas [simplesmente] porque são perversões sexuais. Espero portanto apenas surpreender algumas pessoas jovens com menos de 9 anos com esta declaração inicial.
Dizer, continuando, que esta perversão consiste na necessidade de expor os órgãos sexuais [-esses órgãos genitais que... -] tem pouca (…)
Excertos de obras literárias, cênicas e gráficas, além de crítica literária, com foco no imaginal mitográfico, lendário e fantástico.
Matérias mais recentes
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Fernando Pessoa - exibicionismo
29 de junho, por Murilo Cardoso de Castro -
Fernando Pessoa - Da Lei da Natureza
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroDe la Loi de Nature, représentée par Hiram on passe à la Loi humaine,
Da Lei da Natureza, representada por Hiram, passa-se à Lei humana, representada por Christian Rosencreutz, e depois à Lei de Deus, representada por Jesus. A elevação ritual do candidato marca a primeira passagem, e o instinto é a palavra que perdeu. A abertura do túmulo de C[hristian] R[osenkreutz] marca a segunda passagem: ao ver o livro T, que o Segundo Mestre pressiona contra o peito, encontra-se finalmente a (…) -
Antonio Tabucchi – Na ausência de provas
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroHá, de imediato, algo de excessivo na biografia deste português que, com o passar dos anos, corre o risco de se tornar um dos maiores poetas do século XX: algo demasiado excessivo para não despertar desconfiança, ou mesmo alarme, em quem se ponha em seu encalço. É um excesso por defeito; é a total ausência de indícios ou, se se preferir, a evidência transformada em paradigma, o álibi perfeito: algo que faz pensar no esconderijo na ostentação da carta roubada de Poe e que, no caso concreto, (…)
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Tabucchi (Pessoa) - Álvaro de Campos
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroQue horas são?, perguntou Pessoa.
É quase meia-noite, respondeu Álvaro de Campos, a melhor hora para te encontrar, é a hora dos fantasmas.
Por que vieste?, perguntou Pessoa.
Porque se tu vais embora temos algumas coisas a dizer, respondeu Álvaro de Campos, eu não te sobreviverei, partirei contigo, antes de mergulharmos na escuridão temos algumas coisas a dizer.
Pessoa ergueu-se sobre as almofadas, bebeu um gole de água e perguntou: o que fizeste?
Meu caro, respondeu Álvaro de (…) -
Fernando Pessoa – Tabacaria
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroJE ne suis rien. Jamais je ne serai rien. Je ne puis vouloir être rien. Cela mis à part, je porte en moi tous les rêves du monde. _ Je suis aujourd’hui perplexe, comme qui a réfléchi, trouvé, puis oublié. Je suis aujourd’hui partagé entre la loyauté que je dois Au Bureau de Tabac d’en face, en tant que chose extérieurement réelle, Et la sensation que tout est songe, en tant que chose réelle vue du dedans. _ J’ai rêvé plus que jamais Napoléon ne rêva. J’ai sur mon sein hypothétique pressé (…)
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Fernando Pessoa – Mamãe, Mamãe
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroMaman, mamanMamãe, Mamãe. Teu pequeno filho Que cresceu Só ficou mais triste. Mamãe, Mamãe, Sinto tanto tua falta Por que te perdi? Meu coração de criança Teu pequeno filho De sempre, Terá se tornado de um adulto Só para te perder de vista E não ter mais teu amor? Mamãe, Mamãe, Mortas estás sem dúvida Em algum lugar onde me escutas Vê: continuo sendo teu filho Teu pequeno filho Que cresceu, E cheio de lágrimas e dúvidas. E que não tem prazer nem (…)
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Fernando Pessoa - Eu vos encontrei
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroJe vous ai trouvé,
Eu vos encontrei,
Eu vos reencontrei
Pois vos havia sonhado
Há tantos dias,
E eu vos amei,
Oh, eu vos amei,
E eu vos amarei sempre.
Não, não sei
Se sequer existis,
Nem se este coração cansado
Pode vos achar quando vos ama.
Pois o amor
Sempre fala baixo,
Tem medo do preço [?] e dos dias.
Mas, eu vos amo,
Oh, eu vos amo,
E eu vos amarei sempre.
Sois rainha,
Sois sereia?
Que importa a este amor
Que vos faz soberana? (…) -
O’Flaherty – Contexto
29 de junho, por Murilo Cardoso de CastroMinhas ideias sobre contexto mudaram como resultado de escrever dois livros que utilizaram o contexto de maneiras novas para mim e de tomar consciência da nova onda de trabalhos bem contextualizados agora sendo realizados por outros estudiosos. Também passei a perceber que abordagens comparativas que subordinam o contexto à morfologia ou a significados compartilhados precisam de uma defesa mais forte diante do movimento contínuo, no campo dos estudos religiosos, contra qualquer coisa que (…)
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Fernando Pessoa – Subsolo
28 de junho, por Murilo Cardoso de CastroOs Evangelhos são somente dramatizações — ou, em outras palavras, christianizações — da tragédia de Lydda. São rituaes dramáticos, e os trez primeiros evangelhos — os chamados synopticos — são primeiras redacções: só no Quarto Evangelho está acabada a dramatização, e postos os sellos mágicos. Porisso, para o Catholico verdadeiro, são dispensáveis os outros Evangelhos. Quanto ao Velho Testamento, não é para elle mais que litteratura hebraica, que pode ler como homem, mas não acceitar como (…)
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Beistegui – como Proust pensa a memória
28 de junho, por Murilo Cardoso de CastroEm Busca do Tempo Perdido depende de uma teoria da memória que envolve Proust em um diálogo com os psicólogos e filósofos de seu tempo, Taine, Ribot e Bergson em particular. Por exemplo, sua crítica à visão de que é a "inteligência" que nos dá acesso à verdade do mundo e à nossa experiência dele, bem como o papel positivo que ele atribui à memória em tudo isso, não teriam sido possíveis sem as ideias desenvolvidas em Da Inteligência (De l’intelligence), em que Taine define a inteligência (…)