[...] seja Grande sertão: veredas, seja Tutaméia, culminando no conto A terceira margem do rio de Primeiras estórias, sobremaneira expressivo do pensamento de Guimarães Rosa e do heterologos em geral. Enquanto Grande sertão nos sugere a imensidão da terra brasileira, o sertão-macrocosmos, “lugar de latifúndios e epopéias”, como diz Gilberto Mendonça Teles, Tutaméia é “uma espécie de ‘grande sertão’ fracionado em pequenas narrativas”, o microcosmos onde decorre o infinitamente pequeno dos (…)
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Guimarães Rosa
Guimarães Rosa (1908-1967)
Matérias
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Varela – obras do heterologos rosiano
27 de junho, por Murilo Cardoso de Castro -
Guimarães Rosa (GSV) – Rebulir com o sertão, como dono?
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroRebulir com o sertão, como dono? Mas o sertão era para, aos poucos e poucos, se ir obedecendo a ele; não era para à força se compor. Todos que malmontam no sertão só alcançam de reger em rédea por uns trechos; que sorrateiro o sertão vai virando tigre debaixo da sela. Eu sabia, eu via. Eu disse: nãozão! Me desinduzi.
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Guimarães Rosa (GSV) – Paciência de velho tem muito valor
28 de junho, por Murilo Cardoso de CastroMas, no vir de cimas desse morro, do Tebá — quero dizer: Morro dos Ofícios — redescendo, demos com o velho, na porta da choupã dele mesmo. Homem no sistema de quase-dôido, que falava no tempo do Bom Imperador. Baiano, barba de piassaba; goiano-baiano. O pobre, que não tinha as três espigas de milho em seu paiol. Meio sarará. A barba, de capinzal sujo; e os cabelos dele eram uma ventania. Perguntei uma coisa, que ele não caprichou de entender, e o catrumano Teofrásio, que já queria se mostrar (…)
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Varela – O mundo rosiano
27 de junho, por Murilo Cardoso de CastroO mundo rosiano é, de fato, um mundo de como se, de faz de conta, o regresso pensado à desordem ordenadora do mito e da natureza, na sua lógica sensível, na sua linguagem carnal, na sua hybris caudalosa e espontânea. Homem do sertão , como ele próprio se deixa denominar, Guimarães Rosa descobre-se, selvagem, eterna criança, enunciando a verdade possível, a não verdade de uma Verdade inominável, no eterno retorno do mythos. Fiel às formas simples de que fala Jolles , na escrita deste autor, o (…)
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Flusser – Guimarães Rosa
27 de junho, por Murilo Cardoso de CastroNa introdução a este livro sugerimos a identidade entre tempo e diabo. É ele o próprio princípio da modificação, do progresso, da fenomenalização portanto. É o princípio da transformação de realidade em irrealidade. É o que Guimarães Rosa tem em mente ao dizer que o diabo não existe. A correnteza do tempo dentro da qual o Senhor mergulha pedaços do ser ao criar “céus e terra” é o próprio diabo. O tempo é incrível, não se pode crer nele. Kafka diz que não se pode ter fé no diabo, porque mais (…)
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O Simbolismo das ilustrações de Poty em "Grande Sertão" de Guimarães Rosa
22 de abril, por Murilo Cardoso de CastroUtezaMGS
Quanto às ilustrações de Poty, sabemos pelo testemunho do editor, que figura na coletânea de homenagens publicada no Rio de Janeiro, em 1968, com o título Em Memória de João Guimarães Rosa, que o próprio Poty havia realizado dois projetos, ambos sob as sugestões do escritor. Em comentário que acompanhava a reprodução do projeto que não fora aproveitado, o editor dizia: Acaso será fácil adivinhar o que são esses desenhos cabalísticos? Por certo que não: pois são desenhos que Poty (…) -
O Simbolismo do Adro em "Grande Sertão" de Guimarães Rosa
22 de abril, por Murilo Cardoso de CastroUtezaMGS
GRANDE SERTÃO: VEREDAS. Três palavras, reunidas em duas expressões a priori geográficas, compõem uma unidade intermediada pelos dois pontos que as colocam em uma [56] relação ao mesmo tempo de oposição e de complementaridade. Um espírito ocidental reconhecerá aí sobretudo a oposição:
O sertão acaba sendo toda a confusão e tumultuosa massa do mundo sensível, caos ilimitado de que só uma parte ínfima nos é dado conhecer, — precisamente a que se avista ao longo das veredas, tênues (…) -
Guimarães Rosa (GSV) – Excertos
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroE nisto, que conto ao senhor, se vê o sertão do mundo. Que Deus existe, sim, devagarinho, depressa. Ele existe — mas quase só por intermédio da ação das pessoas: de bons e maus. Coisas imensas no mundo. O grande-sertão é a forte arma. Deus é um gatilho?
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O senhor nonada conhece de mim; sabe o muito ou o pouco? O Urucúia é ázigo… Vida vencida de um, caminhos todos para trás, é história que instrui vida do senhor, algum? O senhor enche uma caderneta… O senhor vê aonde é o sertão? (…) -
Guimarães Rosa: entrevista a crítico alemão
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroExcertos da entrevista de Guimarães Rosa a Günter Lorenz, constante da Introdução de Eduardo F. Coutinho da Obra Completa I, p. xxxi-lxv.
JGR: Escrever é um processo químico; o escritor deve ser um alquimista. Naturalmente, pode explodir no ar. A alquimia do escrever precisa de sangue do coração. Não estão certos, quando me comparam com Joyce. Ele era um homem cerebral, não um alquimista. Para poder ser feiticeiro da palavra, para estudar a alquimia do sangue do coração humano, é preciso (…) -
Guimarães Rosa (GSV) – O grande-sertão é a forte arma
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroE nisto, que conto ao senhor, se vê o sertão do mundo. Que Deus existe, sim, devagarinho, depressa. Ele existe — mas quase só por intermédio da ação das pessoas: de bons e maus. Coisas imensas no mundo. O grande-sertão é a forte arma. Deus é um gatilho?
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Notas
- Guimarães Rosa (GSV) – A gente vive não é caminhando de costas?
- Guimarães Rosa (GSV) – ações?
- Guimarães Rosa (GSV) – coragem
- Guimarães Rosa (GSV) – Eu conto; o senhor me ponha ponto
- Guimarães Rosa (GSV) – largar ido meu sentimento
- Guimarães Rosa (GSV) – não deixa o diabo te pôr sela
- Guimarães Rosa (GSV) – Nhorinhá
- Guimarães Rosa (GSV) – Nhorinhá, namorã
- Guimarães Rosa (GSV) – o antes-do-começo
- Guimarães Rosa (GSV) – o coração de tempo passado
- Guimarães Rosa (GSV) – O demo
- Guimarães Rosa (GSV) – o Maligno
- Guimarães Rosa (GSV) – O passado – é ossos em redor de ninho de coruja
- Guimarães Rosa (GSV) – O sertão aceita todos os nomes
- Guimarães Rosa (GSV) – O sertão não tem janelas nem portas
- Guimarães Rosa (GSV) – o sertão se sabe só por alto
- Guimarães Rosa (GSV) – Possível o que é – possível o que foi
- Guimarães Rosa (GSV) – razão minha era assim de ter prazos
- Guimarães Rosa (GSV) – ser chefe
- Guimarães Rosa (GSV) – sertão está movimentante todo-tempo
- Guimarães Rosa (GSV) – tudo perpassante perpassou
- Guimarães Rosa (GSV) – uns lembrares e sustâncias
- Guimarães Rosa (Tutaméia) – a abelha é que é filha do mel
- Guimarães Rosa (Tutaméia) – as bisonhas
- Guimarães Rosa (Tutaméia) – estar-no-mundo