Se fosse necessário escolher um nome repleto de mistério, envolto em sacralidade, no coração do mundo medieval, seria certamente o do Graal, o centro luminoso desse universo.
Conhecemos o tema "inventado"—no sentido etimológico do termo, ou seja, "redescoberto"—por Chrétien de Troyes por volta de 1190: seu herói, um jovem galês ainda sem nome, perdido em uma terra desolada, em um caminho que não leva a lugar algum, encontra um misterioso Rei Pescador, que o acolhe em seu castelo. Ali, ele (…)
Excertos de obras literárias, cênicas e gráficas, além de crítica literária, com foco no imaginal mitográfico, lendário e fantástico.
Matérias mais recentes
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Sansonetti – Graal e Alquimia
26 de junho, por Murilo Cardoso de Castro -
Marie-Louise von Franz – Contos de Fadas
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroAntes de tentar explicar a forma junguiana específica de interpretação, vou entrar rapidamente na história da ciência dos contos de fada e nas teorias das diferentes escolas e sua literatura. Pelos escritos de Platão sabemos que as mulheres mais velhas contavam às suas crianças histórias simbólicas — “mythoi”. Desde então, os contos de fada estão vinculados à educação de crianças. Na antiguidade, Apuleio, um escritor e filósofo do século 2 d.C., escreveu sua famosa novela O asno de ouro, um (…)
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Pierre Gordon – Contos de Fadas
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroO que dá a melhor impressão do ’’mundo verdadeiro’’, do mundo da liberdade, são os contos de fadas. E, entre as obras literárias francesas, aquelas que se devem aconselhar a leitura a quem quer ter uma visão da ’’realidade’’, são os Contos de Perrault. O resto, é frequentemente, literatura; é algo de relativo ao mundo que passa, ao mundo aparente, ’’ao mundo que não é’’, ao mundo da necessidade.
Nada é tão revelador da alma humana como os relatos do tempo onde os animais falavam. Existem (…) -
Malba Tahan – Mil e Uma Noites
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroÉ problema altamente controvertido a origem das Mil e uma noites.
Massudi, que viveu no século XI e foi um dos escritores mais viajados do seu tempo, afirmou que As mil e uma noites foram tiradas do livro persa Hezar Afsaneh [Mil histórias]. Esta última obra, segundo se afere de uma referência que a ela faz Firduzzi, no prefácio de Schanameh [Livro dos reis], é atribuída a um poeta persa, Rasti, que teria vivido na segunda metade do século X. E, assim, o erudito Massudi parece estar com a (…) -
Eudoro de Sousa – poeta
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroEu não sei como um poeta procede, porque nunca fui poeta. Mas creio não andar muito longe de adivinhar o que ele faz dizendo que ele nada faz (não obstante a etimologia!) além da imitação, da mímica, do arremedo, em palavras, sons, cores e volumes de uma Fulguração Ofuscante do Ser, que subitamente se abrindo, nos permite que vejamos um aspecto seu, refletido no espelho embaciado do mundo natural e humano. Esse aspecto (98) rofletido, o poeta o mostra como sabe e pode. O artista não é a (…)
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Conhecimento poético (Abellio)
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroCostuma-se indicar que a gnose possui seu instrumento próprio, que é o raciocínio por analogia: a interdependência universal resultaria assim de aproximações qualitativas (enquanto as da ciência são quantitativas), e a percepção das analogias, ao estabelecer correspondências entre os diferentes "níveis" da realidade, tenderia a destacar focos de sentido chamados "símbolos", dos quais irradiariam expressões diversas da grande unidade.
Este é de fato o modo mais simples da constituição da (…) -
Gurdjieff (RBN): Ato Teatral
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroGurdjieff: Relatos de Belzebu a seu neto (p. 482 seg.)
Assim, pois, em Babilônia, os membros eruditos do clube dos Adeptos do Legominismo pertencentes a esse grupo, registravam da seguinte maneira os devidos conhecimentos em movimentos e ações dos participantes do mistério:
Se, por exemplo, um participante do mistério, tendo suscitado num ou noutro de seus cérebros, segundo associações de conformidade com as leis, tal impressão nova correspondente a seu papel, devia reagir com tal (…) -
Beckett (EG) – existência
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroFábio de Souza Andrade
LUCKY [exposição monótona] Dada a existência tal como se depreende dos recentes trabalhos públicos de Poinçon e Wattmann de um Deus pessoal quaquaquaqua de barba branca quaqua fora do tempo e do espaço que do alto de sua divina apatia sua divina athambia sua divina afasia nos ama a todos com algumas poucas exceções não se sabe por quê mas o tempo dirá e sofre a exemplo da divina Miranda com aqueles que estão não se sabe por quê mas o tempo dirá atormentados atirados (…) -
Albert-Marie Schmidt : Haute science et poesie française au seizieme siècle
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroLes Cahiers de’Hermès.Dir. Rolland de Renéville. La Colombe, 1947
Remarques préliminaires
Le présent essai traite principalement de l’influence des doctrines ésotériques sur la notion du monde qu’illustrèrent divers poètes de la Renaissance française. Et pourtant il ne peut être considéré comme une contribution à l’histoire de l’ « Occultisme ».
Certes, Cornélius Agrippa, dès la première moitié du seizième siècle, a vulgarisé, avec une déplorable indiscrétion, le terme de « Philosophie (…) -
Antonio Caeiro – poeta
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroSe os poetas trágicos «percebem de todas as artes», então sabem de «todas as coisas que concernem ao humano, a respeito da excelência e da sua perversão». Se não, estão «afastados» da realidade, a um distanciamento dos fenômenos do horizonte humano (πρᾶξις (praxis]] idêntico àquele que se pode constituir relativamente aos entes por natureza (φύσει ὄντα (physei onta]]. «A reprodução (μίμησις (mimesis]] imita os homens a passar por situações constituídas compulsivamente ou por vontade própria; (…)