Não obstante a fortuna que ganhou o pensamento implícito na fórmula «Do Mito ao Logos» (como se sabe, este é o título de um célebre trabalho de Wilhelm Nestle, que o mais sucintamente designava os primórdios do processo evolutivo do pensamento europeu), da mitologia para a filosofia, ainda ninguém conseguiu ver distintamente o caminho recto ou sinuoso e, portanto, traçá-lo em plano bem definido. Em momento algum, a filosofia grega nos aparece como abstração do mito helênico ou pré-helênico, (…)
Página inicial > Palavras-chave > Autores e Obras > Eudoro de Sousa
Eudoro de Sousa
Eudoro de Sousa (1911-1987)
Matérias
-
Eudoro de Sousa: Religião, Mitologia e Filosofia
19 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de Castro -
Eudoro de Sousa – Origem
19 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroO «originado» pode considerar-se sincrônica ou diacronicamente: mas a «origem» do originado, só ucronicamente. A origem preside tanto ao início, quanto ao meio e ao término do originado que nos apareça via processionis. Quer dizer, a origem e o originado não podem situar-se no mesmo plano ou nível de realidade. Onde está a origem de uma linha traçada neste quadro? Traçada horizontalmente da esquerda para a direita, no primeiro ponto à esquerda? Ou no movimento do braço que a traçou? Não se (…)
-
Eudoro de Sousa – Reescrever a "História da Filosofia"
19 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroEudoro de Sousa respondendo a interlocutor sobre sua "leitura" de Parmênides afirma: ...uma inclinação, que sempre foi minha, para mais relevar o que aproxima, do que chamar a atenção, com repicar de sinos ou bramidos de trompas, para o que separa e opõe os filósofos que leio e medito. Talvez seja este, outro aspecto da «originalidade» que V. me atribui, porque, voltando ao final da sua longa pergunta, é possível que tal inclinação «implique refazer (não diria ’ao contrário’) o caminho (…)
-
Eudoro de Sousa: Alegoria da Caverna
19 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroSó para desentranhar todas as implicações destas poucas páginas da República (v. Republica-VI), necessário seria escrever um livro inteiro. Supondo que não nos tenhamos omitido de ler com a devida atenção nenhum dos mais importantes comentários que constam da bibliografia especializada, digamos, para começar, que só nos ocorre uma excepção (Fergusson) ao quase unânime parecer acerca da convergência das três imagens em um único sentido; o que, aliás, Platão expressa por inequívocas palavras (…)
-
Eudoro de Sousa – Primórdios da Religião Grega
19 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroSe a religião grega, considerada em si mesma, ou recolocada em sua ambiência mediterrânea, tem uma história, essa parece situar-se entre uma Fulgurância que desvela o mundo, todo ele, ou o que ele contém de mais valioso, como proveniente e resultante de um deicídio primordial, cuja projeção antropológica se encontraria no regime de vida dos primitivos agricultores de tuberosas (depois, ou simultaneamente, nos de cereais), e outra que revelaria a existência de um mundo que, (…)
-
Eudoro de Sousa – Mitologia Grega
19 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroA mitologia grega, originalmente mitologia que emerge da religião grega, não seria qualquer mitologia, mitologia num conceito demasiado abrangente, mas tão-só aquela que a religião dos gregos podia gerar, e outro tanto se diga da filosofia grega, a qual, como filosofia emergente da religião, não seria qualquer filosofia, pura e simplesmente filosofia, mas só aquela que da religião dos Gregos podia ter nascido. Contudo, acrescente-se que a religião grega também não podia ser qualquer (…)
-
Eudoro de Sousa – Filosofia Grega e Consciência Religiosa
19 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroQue a filosofia grega nos pode aparecer como forma sui generis da consciência religiosa, inclusive, como pretendendo substituí-la, é o que se nos mostra em vários momentos da sua história, em especial, no princípio e no fim, se é que, a propósito de «filosofia grega», ainda se pode falar de um fim ou de um término. Mas a lição mais instrutiva que desse fenômeno nos é dado extrair, é que houve outrora uma religião, i. é, certa consciência da presença dos deuses no mundo, ou além dele, que (…)
-
Eudoro de Sousa – Religião grega, matriz da mitologia e da filosofia
19 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroA religião grega, aqui, suposta matriz da mitologia e da filosofia, constitui-se, pois, como uma religião que, toda ela, se oculta em sua progênie. Dir-se-ia até que o próprio ser da religião grega reside nesse mesmo ocultar-se em sua descendência. E, inversamente, na Grécia, a mitologia e a filosofia não emergem à luz do sol (história, consciência), senão enquanto a religião imerge nas sombras da noite (pré-história, inconsciente). A poesia e a filosofia devoram a religião, nutrem-se do (…)
-
Eudoro de Sousa – Física, primeira filosofia
19 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroA Física (que certamente começou além dela, numa metafísica com traços semelhantes aos de determinados mitos teocosmogônicos) é a primeira filosofia que a religião grega veio a ser. Por conseguinte, a mitologia grega é a mitologia emergente de uma religião, a cuja essência pertence o vir a ser, em primeiro lugar, uma física (ou melhor: uma physiomythia), i. é, certa imagem da natureza. Contudo, lembremo-nos, a física que a religião grega veio a ser, de Tales a Anaxágoras, não se extrai da (…)
-
Eudoro de Sousa – Mitologia Grega, physiomythia
19 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroA mitologia grega é, pois, uma physiomythía, que ainda não é a physiologia dos filósofos, para os quais, após a teoria da natureza, vem uma teoria do homem e, por fim, uma teoria da divindade. Decerto que há uma «filosofia do mito» (título de uma obra de M. Untersteiner, 1946, 1.a ed.). Mas entendemos bem o que esta expressão deveria significar. Fisiologia do mito não é uma fisiologia para a qual o mito aponta, uma fisiologia que o mito «quer dizer», mas não diz, porque só a filosofia o pode (…)
- 1
- 2