DOSTOIEVSKI, Fiodor. Os Irmãos Karamázov. Tr. Paulo Bezerra. São Paulo: Editora 34, 2012
[...] Vede entre os leigos, e em todo o mundo que se coloca acima do povo de Deus, se ali não foi deformada a imagem de Deus e a Sua verdade. Eles têm a ciência, e na ciência só aquilo que está sujeito aos sentidos. Já o mundo do espírito, a metade superior do ser humano, foi rejeitada inteiramente, expulsa com certo triunfo, até com ódio. O mundo proclamou a liberdade, sobretudo ultimamente, e eis o (…)
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Dostoiévski
Dostoevsky, Fyodor (1821-1881)
Matérias
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Dostoiévski – O homem é livre?
30 de março, por Murilo Cardoso de Castro -
Dostoiévski – Isolamento
30 de março, por Murilo Cardoso de CastroFiódor Dostoiévski. OS IRMÃOS KARAMAZOV. Tr. A. Augusto dos Santos. Mimética, 2019
— Que entende por isolamento?
— O que predomina por todo o lado, sobretudo nos nossos dias, e que não adquiriu todo o seu desenvolvimento e está ainda muito longe dos seus limites. Cada um tende a levar a sua individualidade a maior distância e deseja reter egoisticamente a vida em toda a sua abundância e plenitude. Mas todos esses esforços não conduzem à vida, mas ao suicídio, e em vez de conseguir o que (…) -
Dostoiévski – Presença da harmonia eterna
30 de março, por Murilo Cardoso de CastroFiódor Dostoiévski. OS POSSESSOS. Tr. A. Augusto dos Santos. Centaur Editions, 2014
— Há momentos na vida, mas apenas de cinco ou seis segundos, em que se sente de repente a presença da harmonia eterna. Este fenómeno não é terrestre, nem celeste, mas é qualquer coisa que o homem, sob o seu invólucro material, não pode suportar. É preciso transformar-se fisicamente ou morrer. É um sentimento claro e indiscutível, Parece-lhe que fica de súbito em contacto com toda a natureza e dirá: «Sim, (…) -
Memórias do Subsolo, de Dostoiévski
30 de março, por Murilo Cardoso de CastroPhenomenology of Life in Border Situations: The Experience of the Ultimate (Husserliana89)
Memórias do Subsolo, de Dostoiévski, é uma crítica devastadora à fé na razão – ou, mais precisamente, à fé na razão instrumental, aquela que nega nossas paixões ou suprime uma parte essencial de nós mesmos. Para Dostoiévski, é assim que perdemos nossa humanidade. A descrição que o homem do subsolo faz da vingança evidencia a crença do autor na hierarquia das paixões. "Quando estão possuídos, digamos, (…) -
"O Adolescente" de Dostoiévski
30 de março, por Murilo Cardoso de CastroELTCHANINOFF, M. Dostoïevski, roman et philosophie. Paris: Presses universitaires de France, 1998.
O que primeiro salta aos olhos do leitor é o aspecto caótico, quando não confuso, de sua arte [de Dostoiévski]. O Adolescente, seu penúltimo romance, é um dos melhores exemplos disso. Trata-se, sem dúvida, do mais desenfreado e desordenado de todos. Sem nos alongarmos nos inúmeros detalhes dessa história tão complicada, digamos que a narrativa, embora centrada no jovem herói, que nos (…) -
Dostoiévski (Subsolo:C3) – um camundongo de consciência hipertrofiada
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroPois bem, um homem desses, um homem direto, é que eu considero um homem autêntico, normal, como o sonhou a própria mãe carinhosa, a natureza, ao criá-lo amorosamente sobre a terra. Invejo um homem desses até o extremo da minha bílis. Ele é estúpido, concordo, mas talvez o homem normal deva mesmo ser estúpido, sabeis? Talvez isto seja até muito bonito. Estou tanto mais convencido desta suspeita, por assim dizer, que se tomarmos, por exemplo, a antítese do homem normal, isto é, o homem de (…)
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Dostoiévski (Subsolo:C2) – qualquer consciência é uma doença
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroTenho agora vontade de vos contar, senhores, queirais ouvi-lo ou não, por que não consegui tornar-me sequer um inseto. Vou dizer-vos solenemente que, muitas vezes, quis tornar-me um inseto. Mas nem disso fui digno. Juro-vos, senhores, que uma consciência muito perspicaz é uma doença, uma doença autêntica, completa. Para o uso cotidiano, seria mais do que suficiente a consciência humana comum, isto é, a metade, um quarto a menos da porção que cabe a um homem instruído do nosso infeliz século (…)