Últimas notas
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28 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – O passado – é ossos em redor de ninho de coruja
Maiores vezes, ainda fico pensando. Em certo momento, se o caminho demudasse — se o que aconteceu não tivesse acontecido? Como havia de ter sido a ser? Memórias que não me dão fundamento. O passado – é ossos em redor de ninho de coruja… [Guimarães Rosa, GSV]
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28 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – Possível o que é – possível o que foi
Possível o que é – possível o que foi. O sertão não chama ninguém às claras; mais, porém, se esconde e acena. Mas o sertão de repente se estremece, debaixo da gente… E — mesmo — possível o que não foi. [Guimarães Rosa, GSV; ser-tão-grande...]
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27 de junho
Guimarães Rosa (Tutaméia) – as bisonhas
Devo redizer, eu queria delícias de mulher, isto para embelezar horas de vida. Mas eu escolhia — luxo de corpo e cara festiva. O que via com um desprezo era moça toda donzela, leiga do são-gonçalo-do-amarante, e mulher feiosa, muito mãe-de-família. Essas, as bisonhas, eu repelia. [Guimarães (…)
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27 de junho
Guimarães Rosa (Tutaméia) – estar-no-mundo
Entendem os filósofos que nosso conflito essencial e drama talvez único seja mesmo o estar-no-mundo. Chico, o herói, não perquiria tanto. Deixava de interpretar as séries de símbolos que são esta nossa outra vida de aquém-túmulo, tãopouco pretendendo ele próprio representar de símbolo; menos, (…)
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27 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – Nhorinhá
Bom, quando há leal, é amor de militriz. Essas entendem de tudo, práticas da bela-vida. Que guardam prazer e alegria para o passante; e, gostar exato das pessoas, a gente só gosta, mesmo, puro, é sem se conhecer demais socialmente… Eu chegasse de noite, e elas estavam com casa alumiada, para me (…)
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27 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – Eu conto; o senhor me ponha ponto
Conforme foi. Eu conto; o senhor me ponha ponto. [Guimarães Rosa, GSV]
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27 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – o sertão se sabe só por alto
O senhor faça o que queira ou o que não queira — o senhor toda-a-vida não pode tirar os pés: que há-de estar sempre em cima do sertão [ser-tão-grande]. O senhor não creia na quietação do ar. Porque o sertão se sabe só por alto. Mas, ou ele ajuda, com enorme poder, ou é traiçoeiro muito (…)
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27 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – o coração de tempo passado
Demorei que ele mesmo por si pudesse pôr explicação. E foi ele disse: — “Por vingar a morte de Joca Ramiro, vou, e vou e faço, consoante devo. Só, e Deus que me passe por esta, que indo vou não com meu coração que bate agora presente, mas com o coração de tempo passado… E digo…” [Guimarães Rosa, (…)
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27 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – razão minha era assim de ter prazos
Sumimos de lá. Em cinco léguas, vi o barro se secar. O campo reviçava. Mas concedi que a viagem viesse à branda, serenada. Queria, quis. O burrinho de Nosso Senhor Jesus Cristo também não levava freio de metal… Isso, na ocasião, emendo que não refleti. Razão minha era assim de ter prazos, para (…)
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27 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – tudo perpassante perpassou
E tudo perpassante perpassou. O que eu tinha, que era a minha parte, era isso: eu comandar. Talmente eu podia lá ir, com todos me misturar, enviar por? Não! Só comandei. Comandei o mundo, que desmanchando todo estavam. Que comandar é só assim: ficar quieto e ter mais coragem. [Guimarães Rosa, GSV]