Últimas notas
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5 de julho
Gilvan Fogel – queda e travessia (Guimarães Rosa)
“Não me envergonho, por ser de escuro nascimento”, diz o Riobaldo, em Grande Sertão: Veredas, expiando a sua “culpa”, isto é, explicitando o sentido vital-existencial de “queda”, da irrupção súbita na vida, na existência. “Órfão de conhecença e de papéis legais, é o que a gente vê mais, nestes (…)
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5 de julho
Guimarães Rosa (Urubuquaquá) – desafã
O vaqueiro José Uéua: Assim: — mel se sente é na ponta da língua… O desafã. Por exemplos: — A rosação das roseiras. O ensol do sol nas pedras e folhas. O coqueiro coqueirando. As sombras do vermelho no branqueado do azul. A baba de boi da aranha. O que a gente havia de ver, se fosse galopando em (…)
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5 de julho
Gilvan Fogel – desafã (Guimarães Rosa)
O aprendizado do desaprendizado do símbolo, das significações, nos põe direta e imediatamente numa dimensão extraordinária, inabitual, insólita. E quando, de repente, começa-se a ver, “por exemplos: — a rosação das roseiras. O ensol do sol (a en-sola-ção do sol!) nas pedras e folhas, o coqueiro (…)
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5 de julho
Gilvan Fogel – milagre (Guimarães Rosa)
Ver algo, algo nele mesmo, uma coisa nela mesma, é ver este algo ou esta coisa desde ele mesmo ou desde ela mesma. E, para tanto, é preciso trans-por-se subitamente para a dimensão própria deste algo ou desta coisa. “Dimensão” é outro nome para dizer afeto — ou interesse, ou “sentimento”, como (…)
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5 de julho
Gilvan Fogel – à toa muito ativo (Guimarães Rosa)
Ouvir, deixar ser, é um despojamento e uma entrega, por parte do modo de ser que pode/precisa ser abertura para e participação no sentido — assim, ouvir, deixar ser é uma entrega despojada, largada, abandonada à transcendência, posto que o caráter de salto, de imediatidade e de sobrevir (…)
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5 de julho
Gilvan Fogel – colossalidade (Guimarães Rosa)
Este mesmo acontecimento é celebrado, esta mesma experiência é dita e festejada, quando se lê, quando se ouve:
E, ao descobrir, no meio da mata, um angelim que atira para cima cinquenta metros de tronco e fronde, quem não terá ímpeto de criar um vocativo absurdo e bradá-lo — ó colossalidade! — (…) -
5 de julho
Gilvan Fogel – o aprender
Em Grande sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, o jagunço Riobaldo diz uma vez: “Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”. Aprende o quê? O aprender, só o aprender, isto é, só o fazer-se da coisa, só a sua poética, só o fazer-se ou a poética de experiência — sempre só um (…)
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4 de julho
Paul Arnold – Sonho de uma noite de verão (nota 2)
Isso seria suficiente para refutar a hipótese de que Sonho de uma Noite de Verão foi uma máquina de guerra contra Jaime VI da Escócia, contra o rei católico autor da Daemonologie, o implacável juiz do Dr. Fian e seu sabá de bruxas, cujas "confissões" forneceriam mais de um detalhe ao poeta de (…)
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4 de julho
Paul Arnold – Sonho de uma noite de verão (nota 1)
Edmund Chambers The Occasion of a Midsummer Night’s Dream, in A Book of Homage to Shakespeare (Oxford 1916).
Apossando-se dessa conjectura que, de hipótese se torna para ele certeza, Abel Lefranc deduz uma série de identificações: Egeu seria Lord Burghley avô e tutor de Elisabeth de Vere, (…) -
3 de julho
Patocka – Tragédia
A tragédia grega, originada do comportamento ritual, permanece ainda, em seu grande período, um comportamento ritual ligado à força criadora da linguagem, a uma poesia que tem sua fonte no espírito autêntico do mito. A tragédia é originalmente o rito da revivescência de um herói a quem se dedica (…)