Últimas notas
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30 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – A gente vive não é caminhando de costas?
A gente vive não é caminhando de costas? Rezo. O que é, o que é: existível como fundo d’água. [Guimarães Rosa, GSV]
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30 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – coragem
Que: coragem — é o que o coração bate; se não, bate falso. Travessia — do sertão — a toda travessia. [Guimarães Rosa, GSV]
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30 de junho
Suassuna (Pedra do Reino) – o poeta
Foi, felizmente, nesse tempo, que me caiu nas mãos um livro do genial escritor paraibano Humberto Nóbrega a respeito de Augusto dos Anjos. Li, nesse livro, que os Poetas que têm “a preocupação de cantar a Dor universal” têm uma espécie de face bifronte: por um lado, são “facetos, êmulos de (…)
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30 de junho
Tymieniecka (AH13) – a consciência literária é a consciência infeliz
Separada de si mesma como dos outros e dos outros como de qualquer ideal racional, que Hegel chama de “o Além”, a consciência literária é a consciência infeliz em si mesma, que, deixada à própria sorte, pode ser permitida a definhar na dor de sua própria separação do mundo e dos outros, ou (…)
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30 de junho
Lacou-Labarthe (Scène) – mimesis
A tradução (do conceito) de mimesis. É uma questão que me inquieta há muito tempo. Desde, na realidade, que descobri graças ao livro de Kohler que foi Schlegel quem propôs traduzir mimesis por Darstellung para arrancar a palavra do contexto de sua interpretação latina (imitatio, Nachahmung). (…)
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30 de junho
Nancy (Scène) – o texto teatral
[...] o texto teatral deve estar, enquanto texto, já no jogo, já em uma cena (vê-se claramente que esse é o próprio princípio do dispositivo de escrita de uma peça de teatro, com os nomes dos personagens situados fora da sintaxe do texto; mas além disso, trata-se de muitos outros traços de (…)
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29 de junho
Dauge – Virgílio
Ora, lege, lege, lege, relege, labora et invenies. Este antigo preceito dos alquimistas não serve apenas para descobrir a Pedra Filosofal; também é útil segui-lo quando se busca, por meio de uma exegese total que é uma verdadeira ascese, apreender o “segredo do Rei”, ou seja, o pensamento (…)
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29 de junho
Fernando Pessoa – Soneto XXII
Sonnet XXII
Minha alma é um rígido cortejo, homem por homem, De uma arte egípcia mais antiga que o Egito, Achada em algum túmulo cujo rito ninguém adivinha, Onde tudo mais em pó colorido se desfez. Seja qual for seu sentido, sua idade é gêmea Da dos sacerdócios cujos pés pisaram perto de (…) -
29 de junho
Fernando Pessoa – Soneto XIV
Sonnet XIV
Nascemos ao pôr do sol e morremos antes da manhã, E conhecemos toda a escuridão do mundo, Como adivinhar sua verdade, nós que nascemos na escuridão, A obscura consequência da ausência de brilho? Somente as estrelas nos ensinam a luz. Apreendemos Suas pequenezas espalhadas com (…) -
29 de junho
Fernando Pessoa – Soneto I
Sonnet I
Se escrevemos ou falamos ou apenas olhamos, somos sempre inaparentes. O que somos não pode ser trasfundido em palavra ou livro. Nossa alma está infinitamente longe de nós.
Por mais que demos a nossos pensamentos a vontade de ser nossa alma e a gesticulem por aí, nossos (…)