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Uma primeira indicação de vislumbre de compreensão é o desejo de morrer. Esta vida parece insuportável, uma outra inacessível. Já não se sente vergonha de querer morrer; a petição de alguém para ser movido de sua cela antiga, que odeia, para uma nova, que virá a odiar. Um último vestígio de crença também está envolvido aqui, pois, durante a movimentação poderia o governador da prisão, por acaso, caminhar pela passagem, ver o prisioneiro e dizer: "Não tranca este homem (…)
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Kafka
Kafka, Franz (1883-1924)
Matérias
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Kafka (ZA:13) – desejo de morrer
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de Castro -
Kafka: citações
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroEntre estar perdido e ser encontrado, há a consciência de estar perdido: a única agonia verdadeira, como quando um pé que estava dormente começa a acordar.
Há dois pecados humanos principais dos quais derivam todos os outros: impaciência e indolência. Por causa da impaciência, eles foram expulsos do Paraíso e, por causa da indolência, não retornam. Mas talvez haja apenas um pecado principal: a impaciência. Por causa da impaciência, eles foram expulsos e, por causa da impaciência, não (…) -
Kafka, o mínimo de elementos do mundo em seus cenários
26 de abril, por Murilo Cardoso de CastroCalasso, 2002
No início, há uma ponte de madeira coberta de neve. Nevoeiro cerrado. K. ergue o olhar “para o que parecia ser o vazio”, in die scheinbare Leere. Ao pé da letra: “para o vazio aparente”. K. sabe que há alguma coisa naquele vazio: o Castelo. Jamais o viu, talvez jamais ponha os pés ali.
Kafka intuiu que só se nomeara um número mínimo de elementos do mundo à volta. Uma afiadíssima navalha de Ockham penetrava a matéria romanesca. Nomear o mínimo e em sua pura literalidade. Por (…) -
Kafka, O Processo e o Castelo
26 de abril, por Murilo Cardoso de CastroCalasso, 2002
O processo e O castelo são histórias em que se trata de concluir um trâmite: livrar-se de um procedimento penal, confirmar uma nomeação. O ponto em torno ao qual tudo gira é sempre a eleição, o mistério da eleição, a sua obscuridade impenetrável. No Castelo, K. deseja a eleição — e isso complica infinitamente cada ato seu. No Processo, Josef K. deseja subtrair-se à eleição — e isso complica infinitamente cada ato seu. Ser escolhido, ser condenado: duas modalidades do mesmo (…)