Esse mesmo receio, ou melhor, o balanço negativo da sociedade industrial, inspirou Aldous Huxley a escrever o famoso Admirável Mundo Novo, obra fundamental do pensamento utópico, pois finalmente aborda a questão das relações entre o indivíduo e a sociedade.
O objetivo dos Controladores do romance é a estabilidade social. Eles realizam, por meios científicos, a última revolução: a programação do indivíduo. A sociedade torna-se o esquema no qual o indivíduo é inserido, da mesma forma que uma (…)
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utopia
O nome próprio, Utopia, é um topônimo imaginário criado por Thomas More (1516), “país da Utopia” ou “República dos Utópicos”: ilha na qual More situa seu modelo de “melhor governo possível”. O título do livro em que se fala dessa República varia de edição para edição, sendo que o de Utopia se impôs nas reedições póstumas e nas traduções. U-topia (do grego topos, “lugar”), ilha de Nenhum Lugar, mas também, graças ao jogo de palavras Utopia/Eutopia, ilha feliz. Seu regime é caracterizado pela ausência de propriedade privada, por um considerável enfraquecimento do Estado e pela igualdade de todos em relação ao trabalho produtivo, para que cada um se dedique o mínimo possível a ele, “pois a Constituição visa apenas garantir a cada um, para a liberdade e a cultura de seu espírito, o máximo de tempo e lazer possível”. Tal quadro é o contraponto da análise proposta por More sobre os defeitos da Europa: onde existe propriedade privada, há muitos conflitos e crimes, um grande número de leis é necessário, mas nunca suficiente, alguns são oprimidos pelo trabalho, outros pela ociosidade forçada ou dourada. Além disso, os utópicos nunca ouviram falar do cristianismo, e o livro de More se apresenta como uma reflexão estritamente laica sobre a política. Isso distingue a Utopia de More do pensamento milenarista, que busca se basear no Evangelho. (Notions philosophiques II, PUF)