(gr. poiesis; lat. poesia; in. Poetry; fr. Poésie; al. Dichtung; it. Poesia).
Forma definida da expressão linguística, que tem como condição essencial o ritmo. Podem-se distinguir três concepções fundamentais: 1) a poesia como estímulo ou participação emotiva; 2) a poesia como verdade; 3) a poesia enquanto modo privilegiado de expressão linguística.
1) A concepção de poesia como estímulo emotivo foi exposta pela primeira vez por Platão: "A parte da alma que, em nossas desgraças pessoais, (…)
Excertos de obras literárias, cênicas e gráficas, além de crítica literária, com foco no imaginal mitográfico, lendário e fantástico.
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Abbagnano – poesia
26 de junho, por Murilo Cardoso de Castro -
Jung (1932): Quem é Ulisses?
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroDe ULISSES jorram 735 páginas, numa torrente de 735 horas, dias ou anos que representam um único dia, ou seja, o inexpressivo 16 de junho de 1904, em Dublin, durante o qual, realmente, nada acontece. A torrente começa no nada e termina no nada. Seria, para o assombro do leitor, uma única verdade strindbergiana sobre a essência da vida humana, tremendamente longa, intrigantemente emaranhada e inesgotável? Sobre a essência talvez, mas certamente sobre as dez mil facetas e suas cem mil (…)
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Jordi Rosado: Ulisses no divan
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroCarl Jung leu o romance Ulisses, de James Joyce, e depois escreveu um amargo ensaio sobre sua experiência com esta obra. Escreveu, por um lado, uma excêntrica análise junguiana do romance e, por outro, um panorama emocional de sua experiência como leitor, da irritação e do desconcerto que lhe causou sua leitura esforçada de Ulisses, em sua «décima edição inglesa, de 1928», como nos faz notar.
«Não existem nestas 735 páginas, tanto quanto minha vista alcança, nenhuma repetição sensível, nem (…) -
Eudoro de Sousa – Taaroa (Polinésia)
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroEle era. Taaroa era seu nome, ele estava no vazio: sem terra, sem céu, sem homens. Taaroa chama os quatro cantos do universo. Nada responde. Existindo sozinho, ele se transforma em universo. Taaroa é a luz, ele é a semente, ele é a base, ele é o incorruptível. O universo é apenas a casca de Taaroa. É ele quem o coloca em movimento e faz surgir sua harmonia.
Tradição polinésia -
Eudoro de Sousa – Epopeia de Gilgamesh
26 de junho, por Murilo Cardoso de Castro12. Complexa codificação do mistério, para o qual aponta aquele momento da grande viagem em que superada parece a mais contraditória das contradições, é a que se nos depara na literatura das catábases. Propriamente, «catábase» quer dizer «descida»; usa-se, porém, com o significado mais restrito de «descida aos infernos», acesso ao reino dos mortos, situado nas profundezas da terra, miraculosamente aberto a alguns viventes. No início da tradição, a espantosa aventura é privilégio dos deuses: (…)
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Carvalhão Buescu – Perceval
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroO Perceval ou Li Contes du Graal de Chrétien de Troyes abre com uma dedicatória ao Conde de Flandres, Filipe de Alsácia, louva-o pelas suas virtudes morais, os seus dons cristãos e sobretudo a sua generosidade:
“Le conte aime justice et loyauté et sainte Eglise. Il déteste toute vilenie”.
E acrescenta:
“Sachez donc en vérité que les dons du Comte Philippe sont bien de charité”.
Chrétien de Troyes aduz a informação de que por sua inspiração e estímulo do Conde Filipe de Flandres (…) -
Sansonetti – Graal e Alquimia
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroO autor examina o simbolismo na Segunda Continuação de O CONTO DO GRAAL, atribuído a Wauchier (ou Gautier) de Denain, doravante designado como «pseudo-Wauchier» em razão das dúvidas que suscita sua identidade real. Muito de sua tese de doutorado, Le Corps de Lumière dans la littérature arthurienne é aqui aportado, buscando aproximações não somente com o hermetismo, mas também com a tradição celta e a tradição germânica anteriores ao Cristianismo. O autor escolheu deixar os signos da obra (…)
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Eliade: um episódio de Percival
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroA lenda de Parsifal contém um dos episódios mais significativos: o Rei Pescador (li reis peschëors) está doente e ninguém pode curá-lo. É uma doença muito estranha: desânimo, envelhecimento, fraqueza extrema. Numerosas hipóteses foram tecidas a esse respeito. Segundo certos textos medievais, sobre o Graal prevalecia ou tinha, de qualquer forma, uma relação direta com o sagrado cálice levado à Europa — diz a lenda — por José de Arimateia. Este não é o lugar adequado para estudar o sentido (…)
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Roger Lipsey – Gilgamesh, Busca da Vida Eterna
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroO trecho culminante da antiga Epopeia de Gilgamesh talvez não seja estranho ao leitor: é uma espécie de texto escolar e recebeu homenagens momentâneas de muitos dentre nós — muitas vezes no primeiro ano do colégio, quando todo o peso da vida ainda nos era amplamente desconhecido, e a extraordinária precisão do sentido da epopeia nos escapava. Pertence a uma classe especial dos mais antigos artefatos, com as pinturas de cavernas de Lascaux, por exemplo, que prestam um testemunho simples e (…)
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Jordan-Smith – A Epopeia de Gilgamesh
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroDesesperado, Gilgamesh andava de um lado para outro em torno do corpo do seu amigo Enkidu. Chorou amargamente e riscou o rosto com cinzas; rasgou as vestes e entrajou-se com peles de animais selvagens. No mais profundo do coração gritou:
— Como posso descansar, como posso estar em paz? Contemplai Enkidu, meu irmão e companheiro: o que ele é agora, eu o serei algum dia. Porque tenho medo da morte, preciso procurar Utnapightim, a quem os homens chamam o Distante, pois ingressou na assembleia (…)