A longa cadeia das histórias antes da história, em que a Ilíada e a Odisseia formavam algumas malhas, abria-se com a cópula de Urano e Geia, fechava-se com a morte de Odisseu. O círculo abria-se com a mistura do céu e da terra, encerrava-se com uma briga mesquinha, um incidente mortal, com o jovem Telégono que, em terra estrangeira, sem saber matava o pai, e velho Odisseu, com o aguilhão de uma raça. Após Odisseu, começa a vida sem heróis, quando as histórias não acontecem exemplarmente, mas (…)
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Calasso
Calasso, Roberto
Matérias
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Calasso (NCH) – Odisseu (1)
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de Castro -
Calasso (NCH) – Odisseu (2)
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroFaz parte da essência de Odisseu ser o último dos heróis, o que encerra o ciclo. Enquanto conclusão, ele é adjacente à vida que se seguirá, sem nunca mais fechar-se, num ciclo. Seu pé toca a linha limítrofe. Não a Ilíada, massa imensa abandonada na planura, mas a sinuosa Odisseia nos transmite como herança o multiforme romance: “trabalho de um indivíduo, não de um povo”, como Telêmaco define a procura do pai. Porém, último herói a retornar, Odisseu é também aquele que prolonga ao extremo o (…)
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Calasso (NCH) – Odisseu (3)
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroSó entre os chefes aqueus Odisseu mantém os olhos baixos. Não por medo. Ao abaixar os olhos, Odisseu concentra a mente, isolando-a do resto, como seus companheiros não estão habituados a fazer, urde uma trama, dá forma a uma mechane. E o oposto do homem continuamente oprimido entre forças, entre máquinas, entre as mechanai da natureza e dos deuses. Àquele invisível novelo Odisseu agrega novas mechanai, mas desta vez elaboradas por ele. Agora conhece o segredo, não deve apenas suportar (…)
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Calasso (NCH) – Odisseu e Palamedes
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroEntre os gregos, Sócrates não foi o primeiro a ser morto porque era um justo. Durante a guerra de Tróia fora precedido por Palamedes, que não era ainda um justo mas um sábio. Os dez anos diante de Tróia foram ocupados só parcialmente pelas lutas na poeira e pelo choque das armas. Para os guerreiros, mais do que o medo foi o tédio a companhia constante. Numa estúpida planície asiática ergueram as barracas e observavam o horizonte. Não havia mulheres e até os amores entre homens podiam cansar. (…)