PESSOA, Fernando. Livro(s) do Desassossego. São Paulo, 2017 (edição digital, formato epub)
O mundo é de quem não sente. A condição essencial para se ser um homem prático é a ausência de sensibilidade. A qualidade principal na prática da vida é aquela qualidade que conduz à acção, isto é, a vontade. Ora há duas coisas que estorvam a acção — a sensibilidade e o pensamento analítico, que não é, afinal, mais que o pensamento com sensibilidade. Toda a acção é, por sua natureza, a projecção da (…)
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Ditados
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Pessoa (LD:162) – o homem de ação
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de Castro -
Pessoa (OC6) – O provincianismo português
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroExcerto de PESSOA, Fernando. Obras Completas (box completo - ebook)
Se, por um daqueles artifícios cômodos, pelos quais simplificamos a realidade com o fito de a compreender, quisermos resumir num síndroma o mal superior português, diremos que esse mal consiste no provincianismo. O fato é triste, mas não nos é peculiar. De igual doença enfermam muitos outros países, que se consideram civilizantes com orgulho e erro.
O provincianismo consiste em pertencer a uma civilização sem tomar parte (…) -
Pessoa (LD:PLV80/149) – homem
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroExcerto de PESSOA, Fernando. Livro(s) do Desassossego. São Paulo, 2017 (edição digital, formato epub)
Muitos têm definido o homem, e em geral o têm definido em contraste com os animais. Por isso, nas definições do homem, é frequente o uso da frase “O homem é um animal...” e um adjectivo, ou “O homem é um animal que...” e diz-se o quê. “O homem é um animal doente”, disse Rousseau, e em parte é verdade. “O homem é um animal racional”, diz a Igreja, e em parte é verdade. “O homem é um animal (…) -
Pessoa (TF1:36-39) – um ente é...
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroPESSOA, Fernando. Textos Filosóficos I. Estabelecidos e prefaciados por António de Pina Coelho. Lisboa: Edições Ática, 1968, p. 36-39
(dact.) (1924?)
Um ente, ou Eu, qualquer existe essencialmente porque se sente, e sente-se porque se sente distinto de outro, ou de outros.
Cada ente, visto que é o que é por natureza, e por natureza sente que o é, tende a sentir-se o que é o mais completamente possível; e, como o que se sente, o sente através de distinguir-se dos outros, e, portanto, de (…) -
Fernando Pessoa: Parmênides e a eternidade do Ser
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroParmênides e a eternidade do Ser
Quando Parmênides diz que o Ser é eterno, baseando-se na asserção de que o Ser não se pode tornar Não-Ser, introduz no argumento a secreta noção do tempo, ou pelo menos de devir. Mas devir não é ser — é-lhe mesmo oposto.
O verdadeiro argumento é o seguinte: o Ser não é temporal porque não pode ser duração. O Ser não é eterno: não pode ser tempo. O Ser é o Ser e nada mais. -
Fernando Pessoa (1888-1935)
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de Castro(...) na obra de Fernando Pessoa o amor surge como a grande impossibilidade, a morte como a grande obsessão, a iniciação como a grande esperança e o refúgio de uma vida para a qual, sem um objetivo «outro», lhe faltaria o sentido.
Correndo o risco de escandalizar, direi mesmo que mais do que poeta Fernando Pessoa foi um filósofo hermético, consciente e assumido. A prática da poesia, no seu caso como no dos trovadores influenciados pelo maniqueísmo, foi uma prática mística e não apenas (…) -
Pessoa Atrio
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroFernando Pessoa e a Filosofia Hermética
ATRIO -
Rosea Cruz
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroFernando Pessoa — ROSEA CRUZ Excertos de "PESSOA, Fernando. Rosea Cruz. Org. Pedro Teixeira da Mota. Lisboa: Edições Manuel Lencastre, 1989
Esta obra, devida ao notável trabalho do Sr. Teixeira da Mota, reúne uma seleção de fragmentos do poeta português Fernando Pessoa, trazendo à luz suas reflexões profundas sobre a Tradição Hermética. Da apresentação do livro dada por seu organizador, Teixeira da Mota, retiramos o seguinte:
Os textos que agora apresentamos provêm do espólio de Fernando (…) -
Fernando Pessoa – antítese
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroSabem todos que a dialética platônica decompõe o movimento do raciocínio em três tempos sucessivos — a tese, a antítese, e a síntese. O mesmo íntimo critério preside ao movimento da ode grega, ou de toda a ode — a estrofe, em que se determina a ideia; a antístrofe, em que se lhe opõe a ideia contrária, que a própria posição daquela exige; o epodo, em que se conciliam as duas. Nem sempre assim era na realização da ode: sempre assim deveria ser.
Toda opinião é uma tese, e o mundo, à falta de (…) -
Guimarães Rosa (GSV) – amor destino dado
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroPara que referir tudo no narrar, por menos e menor? Aquele encontro nosso se deu sem o razoável comum, sobrefalseado, como do que só em jornal e livro é que se lê. Mesmo o que estou contando, depois é que eu pude reunir relembrado e verdadeiramente entendido — porque, enquanto coisa assim se ata, a gente sente mais é o que o corpo a próprio é: coração bem batendo. Do que o que: o real roda e põe diante. — “Essas são as horas da gente. As outras, de todo tempo, são as horas de todos” — me (…)