Fábio de Souza Andrade
LUCKY [exposição monótona] Dada a existência tal como se depreende dos recentes trabalhos públicos de Poinçon e Wattmann de um Deus pessoal quaquaquaqua de barba branca quaqua fora do tempo e do espaço que do alto de sua divina apatia sua divina athambia sua divina afasia nos ama a todos com algumas poucas exceções não se sabe por quê mas o tempo dirá e sofre a exemplo da divina Miranda com aqueles que estão não se sabe por quê mas o tempo dirá atormentados atirados (…)
Excertos de obras literárias, cênicas e gráficas, além de crítica literária, com foco no imaginal mitográfico, lendário e fantástico.
Matérias mais recentes
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Beckett (EG) – existência
26 de junho, por Murilo Cardoso de Castro -
Albert-Marie Schmidt : Haute science et poesie française au seizieme siècle
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroLes Cahiers de’Hermès.Dir. Rolland de Renéville. La Colombe, 1947
Remarques préliminaires
Le présent essai traite principalement de l’influence des doctrines ésotériques sur la notion du monde qu’illustrèrent divers poètes de la Renaissance française. Et pourtant il ne peut être considéré comme une contribution à l’histoire de l’ « Occultisme ».
Certes, Cornélius Agrippa, dès la première moitié du seizième siècle, a vulgarisé, avec une déplorable indiscrétion, le terme de « Philosophie (…) -
Antonio Caeiro – poeta
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroSe os poetas trágicos «percebem de todas as artes», então sabem de «todas as coisas que concernem ao humano, a respeito da excelência e da sua perversão». Se não, estão «afastados» da realidade, a um distanciamento dos fenômenos do horizonte humano (πρᾶξις (praxis]] idêntico àquele que se pode constituir relativamente aos entes por natureza (φύσει ὄντα (physei onta]]. «A reprodução (μίμησις (mimesis]] imita os homens a passar por situações constituídas compulsivamente ou por vontade própria; (…)
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Abbagnano – poesia
26 de junho, por Murilo Cardoso de Castro(gr. poiesis; lat. poesia; in. Poetry; fr. Poésie; al. Dichtung; it. Poesia).
Forma definida da expressão linguística, que tem como condição essencial o ritmo. Podem-se distinguir três concepções fundamentais: 1) a poesia como estímulo ou participação emotiva; 2) a poesia como verdade; 3) a poesia enquanto modo privilegiado de expressão linguística.
1) A concepção de poesia como estímulo emotivo foi exposta pela primeira vez por Platão: "A parte da alma que, em nossas desgraças pessoais, (…) -
Quintana: O velho e o acaso
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroO velho mendigo que neste momento acaba de encontrar num monte de sucata a lâmpada de Aladino — tão amassada, tão enferrujada e de feitio tão esquisito — eis que ele a abandona e leva em vez dela uma útil chaleira. Uma chaleira sem tampa, digo eu, para os que gostam de pormenores. E não é esta a primeira vez que o acaso, inocentemente, assim estraga uma bela história.
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Jung (1932): Quem é Ulisses?
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroDe ULISSES jorram 735 páginas, numa torrente de 735 horas, dias ou anos que representam um único dia, ou seja, o inexpressivo 16 de junho de 1904, em Dublin, durante o qual, realmente, nada acontece. A torrente começa no nada e termina no nada. Seria, para o assombro do leitor, uma única verdade strindbergiana sobre a essência da vida humana, tremendamente longa, intrigantemente emaranhada e inesgotável? Sobre a essência talvez, mas certamente sobre as dez mil facetas e suas cem mil (…)
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Jordi Rosado: Ulisses no divan
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroCarl Jung leu o romance Ulisses, de James Joyce, e depois escreveu um amargo ensaio sobre sua experiência com esta obra. Escreveu, por um lado, uma excêntrica análise junguiana do romance e, por outro, um panorama emocional de sua experiência como leitor, da irritação e do desconcerto que lhe causou sua leitura esforçada de Ulisses, em sua «décima edição inglesa, de 1928», como nos faz notar.
«Não existem nestas 735 páginas, tanto quanto minha vista alcança, nenhuma repetição sensível, nem (…) -
Eudoro de Sousa – Taaroa (Polinésia)
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroEle era. Taaroa era seu nome, ele estava no vazio: sem terra, sem céu, sem homens. Taaroa chama os quatro cantos do universo. Nada responde. Existindo sozinho, ele se transforma em universo. Taaroa é a luz, ele é a semente, ele é a base, ele é o incorruptível. O universo é apenas a casca de Taaroa. É ele quem o coloca em movimento e faz surgir sua harmonia.
Tradição polinésia -
Eudoro de Sousa – Epopeia de Gilgamesh
26 de junho, por Murilo Cardoso de Castro12. Complexa codificação do mistério, para o qual aponta aquele momento da grande viagem em que superada parece a mais contraditória das contradições, é a que se nos depara na literatura das catábases. Propriamente, «catábase» quer dizer «descida»; usa-se, porém, com o significado mais restrito de «descida aos infernos», acesso ao reino dos mortos, situado nas profundezas da terra, miraculosamente aberto a alguns viventes. No início da tradição, a espantosa aventura é privilégio dos deuses: (…)
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Carvalhão Buescu – Perceval
26 de junho, por Murilo Cardoso de CastroO Perceval ou Li Contes du Graal de Chrétien de Troyes abre com uma dedicatória ao Conde de Flandres, Filipe de Alsácia, louva-o pelas suas virtudes morais, os seus dons cristãos e sobretudo a sua generosidade:
“Le conte aime justice et loyauté et sainte Eglise. Il déteste toute vilenie”.
E acrescenta:
“Sachez donc en vérité que les dons du Comte Philippe sont bien de charité”.
Chrétien de Troyes aduz a informação de que por sua inspiração e estímulo do Conde Filipe de Flandres (…)