Últimas notas
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27 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – o sertão se sabe só por alto
O senhor faça o que queira ou o que não queira — o senhor toda-a-vida não pode tirar os pés: que há-de estar sempre em cima do sertão [ser-tão-grande]. O senhor não creia na quietação do ar. Porque o sertão se sabe só por alto. Mas, ou ele ajuda, com enorme poder, ou é traiçoeiro muito (…)
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27 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – o coração de tempo passado
Demorei que ele mesmo por si pudesse pôr explicação. E foi ele disse: — “Por vingar a morte de Joca Ramiro, vou, e vou e faço, consoante devo. Só, e Deus que me passe por esta, que indo vou não com meu coração que bate agora presente, mas com o coração de tempo passado… E digo…” [Guimarães Rosa, (…)
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27 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – razão minha era assim de ter prazos
Sumimos de lá. Em cinco léguas, vi o barro se secar. O campo reviçava. Mas concedi que a viagem viesse à branda, serenada. Queria, quis. O burrinho de Nosso Senhor Jesus Cristo também não levava freio de metal… Isso, na ocasião, emendo que não refleti. Razão minha era assim de ter prazos, para (…)
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27 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – tudo perpassante perpassou
E tudo perpassante perpassou. O que eu tinha, que era a minha parte, era isso: eu comandar. Talmente eu podia lá ir, com todos me misturar, enviar por? Não! Só comandei. Comandei o mundo, que desmanchando todo estavam. Que comandar é só assim: ficar quieto e ter mais coragem. [Guimarães Rosa, GSV]
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27 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – o antes-do-começo
Mas, primeiro, antes, teve o começo. E aí teve o antes-do-começo; que o que era — a gente vindo, vindo. E vindo bem. [Guimarães Rosa, GSV]
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27 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – largar ido meu sentimento
E entendi que podia escolher de largar ido meu sentimento: no rumo da tristeza ou da alegria — longe, longe, até ao fim, como o sertão é grande… [Guimarães Rosa, GSV]
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25 de novembro de 2022
Dauge (Virgile:19-20) – Fonction créatrice, ou recréatrice, de l’épopée héroïque et mystique
Au cours de sa dissertation sur l’« Ange de l’œuvre », Maryse Choisy dit ceci: « Dans notre civilisation, l’artiste est le dernier chamane qui, à l’image de Dieu, tente de transformer la matière en esprit. Il doit créer ce qui ressemble aux hommes, mais à quoi les hommes ne ressemblent pas (…)
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23 de novembro de 2022
Lacou-Labarthe (Scène) – presentação
Para simplificar, e isso é sem dúvida abusivo: ou se diz, ao se falar de apresentação – é o que Heidegger tenta dizer nos anos 1930 ao retomar a “notável fatalidade” que domina “toda teoria da arte e toda estética” desde os Gregos (Platão) até os nossos dias (Hegel e seus sucessores): a arte não (…)
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22 de novembro de 2022
Lacou-Labarthe (Il faut) – escrever
“Escrever, a exigência de escrever”: a expressão é de Maurice Blanchot e, por meio dela, compreendemos imediatamente que é a própria essência daquilo que não podemos mais nos permitir chamar de “literatura” que está em questão. Sem alarde, de forma quase modesta, mas de maneira bastante clara. (…)
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21 de novembro de 2022
Suassuna (Pedra do Reino) – Mar
Ora, Sr. Corregedor, segundo afiança o genial Poeta brasileiro Vicente de Carvalho, o mar, “o belo Mar selvagem”, é um “Tigre a que o vento do largo eriça o pelo”, um estranho animal felino. É, também, um Velho de barba azul, “condenado ao cárcere das Rochas que o cingem”. Por outro lado, deve (…)