Últimas notas
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2 de julho
Fernando Pessoa (LD) – A experiência direta...
A experiência direta é o subterfúgio, ou o esconderijo, daqueles que são desprovidos de imaginação. Lendo os riscos que correu o caçador de tigres tenho quanto de riscos valeu a pena ter, salvo o do mesmo risco, que tanto não valeu a pena ter, que passou.
Os homens de ação são os escravos (…) -
30 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – O sertão não tem janelas nem portas
O sertão não tem janelas nem portas. E a regra é assim: ou o senhor bendito governa o sertão, ou o sertão maldito vos governa… [Guimarães Rosa, GSV]
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30 de junho
Suassuna (Pedra do Reino) – somos/estamos todos emparedados
[...] somos/estamos todos emparedados... — É o único nome em torno do qual podemos nos unir. Eu sou “emparedado” porque, segundo vocês, vivo assim, murado entre o enigma e o logogrifo. Clemente, porque vive “agrilhoado entre as paredes do grifo do mundo, entre os elos de ferro do preconceito e (…)
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30 de junho
Suassuna (Pedra do Reino) – Bicho Homem e Bicho Mundo
Dizem que, no começo, quando Deus tinha acabado de fazê-lo, o Bicho Homem vinha por uma estrada, quando encontrou o Bicho Mundo e atreveu-se a enfrentá-lo. No meio do combate foi que ele percebeu que, de fato, o Bicho era fêmea, o que tornava a luta perigosa e desigual para o Homem. Mas era (…)
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30 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – não deixa o diabo te pôr sela
O demo, tive raiva dele? Pensei nele? Em vezes. O que era em mim valentia, não pensava; e o que pensava produzia era dúvidas de me-enleios. Repensava, no esfriar do dia. A quando é o do sol entrar, que então até é o dia mesmo, por seu remorso. Ou então, ainda melhor, no madrugal, logo no (…)
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30 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – O sertão aceita todos os nomes
Às vezes, penso. Um boneco de capim, vestido com um paletó velho e um chapéu roto, e com os braços de pau abertos em cruz, no arrozal, não é mamolengo? O passoprêto vê e não vem, os passarinhos se piam de distância. Homem, é. O senhor nunca pense em cheio no demo. O mato é dos porcos-do-mato… O (…)
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30 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – Deus é urgente sem pressa
Agora, eu velho, vejo: quando cogito, quando relembro, conheço que naquele tempo eu girava leve demais, e assoprado. Deus deixou. Deus é urgente sem pressa. O sertão é dele. [Guimarães Rosa, GSV]
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30 de junho
Guimarães Rosa (GSV) – A gente vive não é caminhando de costas?
A gente vive não é caminhando de costas? Rezo. O que é, o que é: existível como fundo d’água. [Guimarães Rosa, GSV]
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30 de junho
Lacou-Labarthe (Scène) – mimesis
A tradução (do conceito) de mimesis. É uma questão que me inquieta há muito tempo. Desde, na realidade, que descobri graças ao livro de Kohler que foi Schlegel quem propôs traduzir mimesis por Darstellung para arrancar a palavra do contexto de sua interpretação latina (imitatio, Nachahmung). (…)
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30 de junho
Nancy (Scène) – o texto teatral
[...] o texto teatral deve estar, enquanto texto, já no jogo, já em uma cena (vê-se claramente que esse é o próprio princípio do dispositivo de escrita de uma peça de teatro, com os nomes dos personagens situados fora da sintaxe do texto; mas além disso, trata-se de muitos outros traços de (…)