O mundo, de que falam as Musas, mostra, em todos os sentidos, o sentido de Zeus, que se revela como uma unidade complexa com suas quatro fases e quatro zonas, constituídas por quatro diversas linhagens divinas, cujos seres são bem e sabiamente definidos por Zeus mediante quatro combates.
O mundo como devir dos Deuses em grego se diz Theogonía. O título formal Teogonia, para este poema de Hesíodo, cristalizou-se ao longo dos séculos da História da cultura grega certamente porque neste poema (…)
Excertos de obras literárias, cênicas e gráficas, além de crítica literária, com foco no imaginal mitográfico, lendário e fantástico.
Matérias mais recentes
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Torrano: Teogonia
19 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de Castro -
Fragmentos de Mimnermo e Estesícoro
19 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroFRAGMENTOS DE MIMNERMO E ESTESÍCORO (HC, § 16)
(A) Strab., I, 46 (= Mimn., frg. 7, Bergk) «a cidade de Eétes, onde os raios de Hélio veloz estão deitados em tálamo de ouro, à beira do Oceano» (lit. «junto aos lábios do Oceano»); (B) Athen., p. 469 F (= Mimn., frg. 8, Bergk) «pois de Hélio, a sorte que lhe coube é o labor de cada dia; nem jamais existe repouso, ou para ele ou para seus cavalos, quando a Aurora de dedos rosados deixa o Oceano para subir ao céu; pois, levado sobre as ondas, (…) -
Origem do discurso filosófico
19 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroNessa óptica, a regulamentação da continuidade já é significação de ruptura. Mas onde e como se opera essa solução? A partir daí introduz-se o debate sobre a origem do discurso filosófico. Onde está o corte entre o mito e o pensamento racional? Estará ele presente nesses pensadores físicos que, como Tales, tomam por objeto da interrogação decisiva os fenômenos naturais? Ou será antes preciso esperar por Heráclito ou Parmênides, que são os primeiros a colocar à questão do ser e, em (…)
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Filosofia e Ser
19 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroDeveremos, em última análise, dizer que a filosofia aplica à noção de Ser imperecível e invisível, herdada da religião uma forma de reflexão racional e positiva, adquirida na prática da moeda? Seria ainda demasiado simples. O Ser de Parmênides não é o reflexo, no pensamento do filósofo, do valor mercantil, não transpõe, pura e simplesmente, no domínio do real, a abstração do signo monetário. O Ser de Parmênides é Uno; e esta unicidade que constitui um dos seus traços essenciais, opõe-no (…)
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A visão divinatória e a memória
19 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroA visão divinatória do poeta inspirado coloca-se sob o signo da deusa Mnemosyne, Memória, mãe das Musas. Memória não confere o poder de invocar recordações individuais, de representar-se a ordem dos acontecimentos dissipados no passado. Daí ao poeta — assim como ao adivinho — o privilégio de ver a realidade imutável e permanente, põe-no em contato com o seu original, do qual o tempo, na sua marcha, só descobre uma ínfima parte aos humanos, e para a ocultar logo após. Esta função reveladora (…)
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A Física Jônia
19 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroA física jônia reúne-se a uma corrente de pensamento diferente e sob muitos aspectos oposta. Poder-se-ia dizer que ela vem reforçá-la, tanto as duas formas de filosofia nascente aparecem, no seu contraste, complementares. Em terra de Itália, na Magna Grécia, os sábios já não põem em evidência a unidade da physis, mas a dualidade do homem, apreendida em uma experiência a um tempo religiosa e filosófica: existe uma alma humana diferente do corpo, oposta ao corpo e que o dirige, tal como a (…)
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Versões do Mito de Hesíodo
19 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroEm uma primeira versão, a narrativa descreve as aventuras de personagens divinas: Zeus luta pela soberania contra Tifão, dragão de mil vozes, força de confusão e de desordem. Zeus mata o monstro, cujo cadáver dá nascimento aos ventos que sopram no espaço separando o céu e a terra. Depois, incitado pelos deuses a tomar o poder e o trono dos imortais, Zeus reparte entre eles as "honras". Sob esta forma, o mito está ainda muito próximo do drama ritual de que ele é a ilustração, e de que se (…)
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Antes do Céu e da Terra
19 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroENUMA ELISH (INÍCIO)
Quando em cima o céu ainda não fora nomeado,
Em baixo a terra firme ainda não tinha nome,
Nada (havia) senão o primordial Apsu, que a todos procriou,
E Mummu-Tiamat, que a todos gerou,
Suas águas misturando em um corpo só. -
Céu e Terra, uma forma só
19 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroEURÍPIDES, FRG. 484 (NAUCK)
O mito não é meu, vem de minha mãe:
Céu e Ter a eram uma forma só.
De vez que separados foram em dois,
Geraram todas as coisas e as deram à luz:
Árvores, pássaros, animais da terra, aqueles que o mar sustenta,
E a estirpe dos mortais... -
Rompimento da Unidade Primordial
19 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroCONCLUSÕES RESUMIDAS DE STAUDACHER, DIE TRENNUNG VON HIMMEL UND ERDE, TÜBINGEN, 1942 (HC, § 21)
O mito da separação das duas grandes regiões cósmicas é universal: Staudacher (1942) descreveu as variantes disseminadas pelo mundo inteiro — tribos africanas, Egito Antigo, Grécia Moderna, literatura babilônica e judaica, Hurritas e Fenícios, na índia, Sibéria, Ásia Oriental, Indonésia, Melanésia, Austrália, Nova Zelândia, Polinésia e no continente americano. A todos os mitos de separação é (…)