(Cioran1995)
Entre todas as obras de Dürer, a gravura intitulada Melancolia é a que mais contém elementos propícios à reflexão e ao abandono que podemos experimentar ao mergulhar na atmosfera de uma obra de arte. Minha admiração não se deve a uma apreciação objetiva da forma, mas à alegria suscitada por uma criação que expressa um estado de alma em si mesmo. Aqui, o psiquismo prevalece sobre a técnica. A melancolia opera uma dualidade: separa o homem de seu entorno e da realidade em geral, (…)
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Dürer
Dürer, Albrecht (1471-1528)
Matérias
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"Melancolia" de Dürer, segundo Cioran
29 de março, por Murilo Cardoso de Castro -
Panofsky Dürer
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroERWIN PANOFSKY — SATURNO E MELANCOLIA
VIDE: DÜRER
A Melancolia em Conrad Celtes. A gravura de Dürer para os Quattuor Libri amorum de Celtes. A doutrina dos temperamentos nos escritos de Dürer
A gravura Melancholia IO pano de fundo histórico de Melancholia IMotivos tradicionaisA Bolsa e as ChavesO motivo da Cabeça inclinadaO Punho cerrado e a Face sombriaAs imagens tradicionais na composição da gravuraIlustrações da doençaOs ciclos ilustrados dos Quatro TemperamentosFiguras descritivas (…) -
Panofsky: Dürer - Morte de Orfeu
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroUm desenho também datado de 1494 e de caráter igualmente mantegnesco representa a Morte de Orfeu de acordo com a versão ovidiana. Mostra como o grande cantor foi morto pelas mulheres da Trácia por ter introduzido em sua terra o vício da pederastia. Ilustrações anteriores desse incidente na arte do norte retratam a punição e o pecado (que Dürer apenas indicou por meio de uma inscrição direta). Mas enquanto uma imagem como a xilogravura da Ovide Moralise de Colard Mansion de 1484 nos parece (…)
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Dürer: Melancolia
23 de julho de 2024, por Murilo Cardoso de CastroExcertos de Serge Hutin, "Tradição Alquímica"
O pequeno sinal que se insere, no cartão, entre a palavra Melencolia e o I é formado de duas espirais opostas pelo eixo vertical e reunidas por um losango curvilíneo, marcado, por sua vez, por um ponto central. Não seria, acaso, lícito ver na reunião — por certo proposital — desses detalhes, o símbolo particular de uma das fraternidades iniciáticas às quais pertencia o artista?
Por outro lado, a filiação de Dürer aos Maçons Operativos está (…) -
Dürer – O Cavaleiro, a Morte e o Diabo (1)
29 de março, por Murilo Cardoso de Castro(Bertram1932)
Que prestígio mágico, então, o jovem Nietzsche atribuía a essa gravura em detrimento de todas as outras (enquanto, sintomaticamente, não temos dele nenhum testemunho sobre a Melancolia, exceto alusões em dois poemas de julho de 1871, embora a devoção a Wagner a tivesse tornado mais próxima dele)? Que feitiço ainda o prendia a ela, mesmo após ter superado Schopenhauer e Wagner?
Dentre as respostas de Nietzsche a essa pergunta, a primeira cronologicamente é também a mais (…) -
Dürer – O Cavaleiro, a Morte e o Diabo (2)
29 de março, por Murilo Cardoso de Castro(Bertram1932)
E até a Genealogia da Moral, em 1887, retoma visivelmente o símbolo düreriano d’O Nascimento da Tragédia, ao falar de um "espírito que só a si mesmo se deve, como Schopenhauer", um "homem e cavaleiro de olhar de bronze, que tem a coragem de ser si mesmo, que sabe ser independente".
É um "símbolo de sua existência" que aqui lhe fala, a ele que sempre sentiu precisar de "uma espécie de arte especial": o símbolo de um "pessimismo germânico" que não é cético nem romântico, mas (…) -
Dürer é o profeta de Cioran
29 de março, por Murilo Cardoso de Castro(Cioran1995)
Dürer é meu profeta. Quanto mais contemplo o desfile dos séculos, mais me convenço de que a única imagem capaz de revelar seu sentido é a dos Cavaleiros do Apocalipse. Os tempos só avançam esmagando, pisoteando as multidões; os fracos perecerão, não menos que os fortes, e até mesmo esses cavaleiros — exceto um. É por ele, por sua terrível fama, que os séculos sofreram e gritaram. Eu o vejo crescer no horizonte, já percebo nossos gemidos, até nossos gritos já ouço. E a noite (…) -
"Melancolia" de Dürer, segundo Panofsky (1)
29 de março, por Murilo Cardoso de Castro(Panofsky2019)
Tudo o que Dürer nos diz sobre sua gravura está numa inscrição em um esboço do "putto" (Figura 8), explicando o significado da bolsa e do molho de chaves pendurados no cinto da Melancolia: "A chave significa poder, a bolsa riquezas."
Essa breve frase tem sua importância, pois estabelece um ponto que já seria suspeitável: a conexão da gravura de Dürer com a tradição astrológica e humoral da Idade Média. Ela revela dois traços essenciais do caráter tradicional que, para (…) -
"Melancolia" de Dürer, segundo Panofsky (2)
29 de março, por Murilo Cardoso de Castro(Panofsky2019)
Uma proporção considerável dos retratos de melancólicos mencionados anteriormente compartilha um motivo adicional com a Melencolia de Dürer que, para o observador moderno, parece tão óbvio que dispensaria um estudo de sua derivação histórica. No entanto, o próprio esboço preliminar de Dürer para a gravura — que diverge justamente nesse aspecto — revela que esse gesto não deriva simplesmente da observação da atitude melancólica, mas emerge de uma tradição pictórica milenar. (…) -
"Melancolia" de Dürer, segundo Panofsky (3)
29 de março, por Murilo Cardoso de Castro(Panofsky2019)
Em um aspecto, porém, o retrato de Dürer difere fundamentalmente dos mencionados anteriormente. A mão, que geralmente repousa suave e frouxamente no rosto, aparece aqui como um punho cerrado. Mas mesmo esse motivo, aparentemente original, não foi tanto uma invenção de Dürer quanto uma expressão artística sua, pois o punho cerrado sempre foi considerado: Um sinal da avareza típica do temperamento melancólico, Um sintoma médico específico de certas ilusões melancólicas. (…)
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