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Bosch Juízo Final Centro

terça-feira 23 de julho de 2024

Jerônimo Bosch Bosch Bosch, Hieronymus (?-1516) — O TRÍPTICO DO JUÍZO FINAL

No primeiro plano, o Príncipe das Trevas é o objeto de uma veneração plena de zelo. Em observando esta cena, entende-se fisiologicamente a cacofonia dos instrumentos infernais cuja barulheira acompanha os gritos das almas humanas danadas que aí se conduzem sem ordenamento. O painel central não representa a redenção das almas por Deus mas as bacanais tumultuosas dos pecadores. O inferno se insinua muito profundamente nas misturas e tumultos terrestres com a meta bem clara de sacudir a consciência do observador recolhido. Para os crentes da época, tais imagens eram uma língua viva que penetrava em sua própria inteligência e sua intimidade mais profunda. Eles viviam em suas carnes as cenas demoníacas que acompanhavam a morte danada das almas pecadoras. A observação do purgatório, ao contrário, dava a medida exata de seus próprios pecados e das consequências a temer. Eis aí o objetivo moralizante do conjunto de retábulo.

Representações vivas do medo, do pecado e da morte, do Juízo Final e do inferno eram as componentes permanentes do mundos dos pensamentos particularmente religioso da Idade Média. Os escritos moralizadores e as pregações eram complementares das pinturas extáticas representando os suplícios do inferno e as punições dos pecadores. Em nossos dias, a compreensão do conteúdo simbólico desta multitude de cenas permanece sempre fragmentária e não a princípio possível senão após comparação ou confrontação com outras obras. Mas pode-se afirmar sem medo que estas pinturas nada tinham de enigmático para os crentes desta época. Os altares de Jerônimo Bosch Bosch Bosch, Hieronymus (?-1516) estavam aparentes nas pregações imaginadas que falavam deles mesmos uma linguagem compreensível para cada um e do qual os efeitos tocavam a todos os espectadores.

O painel central descreve um mundo que, pela profusão de suas cenas culpabilizadoras dos pecados que aí são cometidos, já é praticamente o inferno. As visões dos monges predicadores são traduzidas aqui em imagens bem claras que bastava olhar para compreender. Os vícios e as extravagâncias são tornadas visíveis em todos seus detalhes. Os personagens nus não despertam qualquer compaixão, seja pelas expressões da face ou dos gestos exprimindo tormentos: eles servem mais de exemplos para as sanções reservadas aos pecados e que os diabos encarregados de aplicar os suplícios lhes administrando com uma alegria tão sádica. O apocalipse constitui um dos temas fundamentais tendo preocupado os pensadores e os artistas desta época. O místico, o espiritual, o supersticioso, os sortilégios das bruxas e as visões apocalípticas são tão vivos quanto as propensões excessivas ligadas às extravagâncias dos vícios terrestres.